BIOGRAFIA - Obra Poética Completa

1976/2000 - Assírio & Alvim

Foto da capa: Pintura de Ilda David, 2000

Se às vezes, se em certos casos, a poesia imita a vida e a vida imita a poesia, então talvez cada verso seja uma linha da cabeça, uma linha do coração, uma linha da vida. E então, sonâmbula e feroz, a mão que escreve talvez não faça mais do que construir, palavra sobre palavra, a casa de um homem, a sua história. E a sua voz obscura passará sobre a terra, sobre os anos, completando a obra.

José Agostinho Baptista


A poesia de José Agostinho Baptista é de certo modo um lamento, como dissemos, e por vezes extremamente pungente e por isso não podemos deixar de ter em conta o negativo que trespassa estes poemas delicadíssimos que são da melhor poesia que hoje se escreve em Portugal.

António Ramos Rosa, 
in Incisões Obliquas, 1987


José Agostinho Baptista é um poeta para quem a terra, e particularmente a ilha da Madeira, donde é natural, é um contorno existencial inseparavél da subjectividade. Porém, esta profunda imersão na terra liga-se à própria ausência e a uma indefinivel nostalgia cujo vazio o poema tenta preencher pela livre imaginação afectiva. É esta tensão entre a adesão existencial e a distância ou separação que existe no seio dela que faz de cada poema um apaixonado lamento, dilacerante mas sempre deslumbrante.

António Ramos Rosa, 
in A Parede Azul, 1991