TESE DE LICENCIATURA de
Beatrice Boaretto
UNIVERSITÀ DEGLI STUDI DI TORINO
excerto
(...) As roupas são claras e leves, adequadas ao clima estival, quente mas arejado. O corpo robusto ainda é magro. Os olhos claros são singularmente expressivos quando param para observar o ambiente circundante. Este é o José Agostinho Baptista, visto de fora. Para dentro só é possível espreitar, mas o pouco que se vê é comparável a um promontório sobre o mar, um penhasco suspenso no abismo: o interior reflete o exterior; uma paisagem agreste que transmite ao mesmo tempo uma sensação de calma e de força e o medo de que possa de repente transformar-se num cenário tempestuoso. Mas acima de tudo uma sensação de vertigem.
Se aceitarmos a definição de vertigem como o sentimento de atração / repulsa que experimentamos em presença de uma diferença de altura em relação a si mesmo, então poderemos aproximar-nos da compreensão de qual é a abordagem de José Agostinho Baptista para diferentes aspectos da afectividade: a sua família, a sua ilha, a sua infância, o tabaco, a poesia.
Outra característica que une esses elementos é paradoxalmente a separação entre eles: os sentimentos provocam-lhe inevitavelmente uma grande dor, a qual se torna a razão do afastamento em busca da tranquilidade de espírito. As memórias transformam-se assim no lugar onde refugiar-se nos momentos em que a saudade dele se apodera, permitindo-lhe aproximar-se do passado mas permanecendo sempre ligeiramente separado, de modo a tornar a dor menos opressiva.